O Brasil alcançou uma redução significativa no número de crianças e adolescentes vivendo abaixo da linha da pobreza entre 2017 e 2023. Segundo o estudo divulgado nesta quinta-feira (16) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o percentual de menores de 17 anos nessa condição caiu de 25,44% para 19,14%, o que equivale a 9,8 milhões de pessoas em famílias com renda inferior a R$ 355 mensais por pessoa.
A pesquisa também aponta avanços em diversas dimensões fundamentais para o bem-estar infantil, como acesso à educação, saneamento, água potável e segurança alimentar. No entanto, 8,1% das crianças ainda vivem em situação de pobreza extrema, com renda inferior a R$ 209 por pessoa, e 28,8 milhões enfrentam algum tipo de privação, incluindo moradia inadequada ou trabalho infantil.
O estudo destaca a expansão de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família e o Auxílio Emergencial, como fatores determinantes para essa melhora. Em 2023, 4 milhões de crianças saíram da pobreza graças a esses programas, representando um salto em relação aos anos anteriores.
Apesar dos avanços, desigualdades raciais, regionais e geográficas permanecem evidentes. Crianças e adolescentes negros continuam mais vulneráveis, com 63,6% em situação de pobreza multidimensional, em comparação a 45,2% entre brancos. A privação de saneamento básico afeta quase 92% das crianças em áreas rurais, enquanto no Norte e Nordeste os percentuais de privação de direitos chegam a 90,6% em estados como o Piauí.
A chefe de Políticas Sociais do Unicef no Brasil, Liliana Chopitea, reforça a importância de políticas públicas voltadas à infância, alertando para o impacto de longo prazo da privação de direitos na economia e no desenvolvimento do país. O estudo evidencia a necessidade de priorizar a garantia de direitos básicos às crianças como um passo essencial para um futuro mais inclusivo e sustentável.
