Desastres climáticos triplicam no Brasil em três décadas e exigem ação imediata

De 2020 a 2023, as perdas somaram R$ 188,7 bilhões, equivalentes a 80% do total registrado na década anterior
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Os desastres climáticos no Brasil cresceram 250% nos últimos quatro anos em comparação com a década de 1990, de acordo com um estudo da Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, lançado em parceria com a Unifesp, o MCTI, a Unesco e a Fundação Grupo Boticário. Entre 1991 e 2023, foram registrados 64.280 eventos climáticos extremos no país, com um aumento médio de 100 novos registros por ano.

Secas, inundações e tempestades têm sido os desastres mais comuns, atingindo 92% dos municípios brasileiros e causando prejuízos econômicos de R$ 547,2 bilhões desde 1995. Apenas nos primeiros quatro anos da década de 2020, as perdas somaram R$ 188,7 bilhões, equivalentes a 80% do total registrado na década anterior.

O estudo associa diretamente o aumento de eventos extremos ao aquecimento global. Cada elevação de 0,1°C na temperatura média do ar tem resultado em 360 novos desastres no Brasil, enquanto o mesmo aumento na temperatura do oceano eleva os eventos extremos em 584. Desde março de 2023, o oceano registrou um aquecimento de até 0,5°C, intensificando furacões e secas, como as ocorridas no Rio Grande do Sul e no Centro-Oeste em 2024.

Cenários futuros baseados no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) são alarmantes. No melhor cenário, com cumprimento das metas do Acordo de Paris, o Brasil pode enfrentar até 128.604 desastres entre 2024 e 2050. No cenário mais pessimista, em que o aquecimento global ultrapassa 4°C, o número de eventos pode chegar a 600 mil até o final do século, acarretando prejuízos superiores a R$ 8,2 trilhões.

Apesar do panorama preocupante, especialistas acreditam que ainda há tempo para reverter os impactos. A gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário, Janaína Bumbeer, destaca a necessidade de reduzir emissões de gases de efeito estufa e adotar soluções baseadas na natureza. Recuperar manguezais e dunas, por exemplo, pode fortalecer a resiliência de cidades costeiras e reduzir os impactos de desastres.

“O momento de agir é agora. Com esforços coordenados e eficazes, podemos construir um futuro sustentável e seguro, fortalecendo a natureza e a humanidade”, reforçou Bumbeer.

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