Uma pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA) revelou que o japu-preto, ave típica do litoral do Pará, tem utilizado fibras e cordas de plástico descartadas na natureza para construir seus ninhos. O fenômeno foi observado a partir de 2022 e reflete o crescente acúmulo de resíduos plásticos na região costeira.
A mestre em oceanografia e pesquisadora da UFPA, Adrielle Caroline Lopes, destacou que o japu-preto está se tornando um bioindicador da poluição ambiental. A coloração azulada dos ninhos, causada pelo uso de materiais plásticos provenientes da pesca, chamou a atenção dos pesquisadores. O estudo constatou que 97% dos ninhos dessa espécie na área analisada são feitos com esse tipo de resíduo.
A pesquisa agora avança para uma nova etapa, que busca compreender os impactos da toxicidade do plástico na saúde dos pássaros e seus filhotes. Entre as possíveis consequências estão intoxicação, distúrbios hormonais e prejuízos à reprodução e sobrevivência da espécie. Além disso, há o risco de emaranhamento nos resíduos plásticos e a ingestão inadvertida desses materiais, o que pode comprometer toda a cadeia alimentar do ecossistema.
O problema não se limita apenas às aves. Durante expedições, a pesquisadora encontrou um caranguejo em um manguezal no Maranhão preso em um emaranhado de plástico, sem condições de se libertar. Situações como essa reforçam a necessidade de políticas públicas eficazes para a redução da poluição plástica e para a preservação dos ecossistemas costeiros. Lopes alerta para a urgência de medidas que minimizem esses impactos e protejam a biodiversidade da região.