Um levantamento divulgado pelo Instituto Locomotiva nesta terça-feira (11) evidencia que a carga do trabalho doméstico ainda recai majoritariamente sobre as mulheres no Brasil. A pesquisa, realizada com 1.283 pessoas, revela que, se fossem remuneradas pelos serviços domésticos, as mulheres brasileiras receberiam, em média, R$ 834 a mais por mês. Esse montante representaria uma injeção de R$ 905 bilhões na economia nacional anualmente, destacando o impacto financeiro do trabalho não remunerado realizado por elas.
O estudo considera a média de horas dedicadas por mulheres com 14 anos ou mais às tarefas domésticas e o valor médio pago a trabalhadores do setor, conforme dados da PNADC/IBGE. Apesar do reconhecimento da sobrecarga feminina, a realidade permanece inalterada, segundo Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. Ele ressalta que as mulheres seguem acumulando jornadas duplas e triplas, equilibrando trabalho, casa e família, sem que a responsabilidade pelo planejamento e organização da rotina doméstica seja devidamente compartilhada.
A desigualdade na divisão das tarefas é percebida por grande parte da população. De acordo com a pesquisa, 91% dos brasileiros acreditam que as mulheres estão exaustas por acumularem trabalho externo e atividades domésticas. A organização geral da casa, por exemplo, é assumida por 85% das mulheres, enquanto apenas 54% dos homens se consideram responsáveis por essa função. A discrepância se repete em várias outras tarefas: 82% das mulheres lavam a louça, contra 64% dos homens; 82% trocam toalhas e roupas de cama, enquanto apenas 44% dos homens fazem o mesmo; e 81% preparam as refeições, ante 52% dos homens.
O levantamento também aponta que lavar, secar, passar e guardar roupas limpas é responsabilidade principal de 80% das mulheres, enquanto 42% dos homens se identificam dessa forma. Já a faxina da casa, incluindo varrer o chão e limpar a poeira, fica a cargo de 79% das mulheres, contra 44% dos homens. Para Meirelles, os dados reforçam que a divisão das tarefas domésticas segue desigual, com muitas mulheres assumindo quase todas as funções, enquanto grande parte dos homens se restringe a atividades esporádicas.
O estudo reitera a necessidade de uma divisão mais equitativa das tarefas domésticas para aliviar a sobrecarga feminina e promover uma sociedade mais justa. Sem essa mudança, muitas mulheres continuarão a lidar com jornadas múltiplas que impactam diretamente sua qualidade de vida e bem-estar.