Presença feminina cresce na administração pública federal em 2025

Os dados indicam que a distribuição de mulheres nos cargos da Administração Pública Federal é desigual
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A participação de mulheres na Administração Pública Federal alcançou 45,6% em 2025, um avanço em relação aos 44,8% registrados em 2022, conforme dados divulgados pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). O governo celebrou o aumento da presença feminina no funcionalismo durante o Dia Internacional da Mulher, ressaltando os esforços para ampliar essa representação.

A antropóloga Ana Julieta Teodoro Cleaver, servidora pública federal e membro do Coletivo de Mulheres Negras Servidoras e Empregadas Públicas do Governo Federal, destacou que, embora o crescimento seja positivo, ele ocorre de forma desigual. Segundo ela, a maioria das mulheres que alcançam cargos de decisão são brancas, enquanto mulheres negras, indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais ainda encontram dificuldades para ascender hierarquicamente dentro da estrutura governamental.

Os dados indicam que a distribuição de mulheres nos cargos da Administração Pública Federal é desigual. A presença feminina nos cargos comissionados de direção e assessoramento passou de 40% em 2022 para 42% em 2025. Nos cargos de direção e assessoramento de nível 13 a 17, o crescimento foi mais expressivo, aumentando de 34,9% para 39,2% no mesmo período. Entre as novas nomeações do governo federal, 76% dos cargos de nível 13 a 17 foram ocupados por mulheres, em um total de 965 indicações.

As políticas implementadas pelo governo têm como objetivo ampliar as oportunidades para mulheres no mercado de trabalho e no serviço público. Medidas como a Lei de Igualdade Salarial, cotas para mulheres em situação de violência doméstica em contratações públicas e o Programa Federal de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Discriminação na Administração Pública Federal foram mencionadas como parte desse esforço. Para a professora de Ciência Política da Universidade de Brasília, Flavia Biroli, tais iniciativas são essenciais para reduzir as desigualdades e promover um debate sobre a inclusão feminina nos espaços de trabalho.

A integração dessas ações com o Plano Nacional de Cuidado é apontada como um fator essencial para garantir uma maior equidade entre gêneros. A divisão do trabalho doméstico e de cuidados, ainda majoritariamente atribuída às mulheres, impacta diretamente a inserção e a permanência feminina no mercado de trabalho. Segundo Biroli, a oferta de creches públicas e privadas com horários compatíveis ao expediente profissional é uma medida fundamental para equilibrar as responsabilidades de homens e mulheres.

A servidora pública Lais Barros, geógrafa e pedagoga, também integrante do Coletivo de Mulheres Negras Servidoras e Empregadas Públicas do Governo Federal, ressalta que as políticas implementadas nos últimos anos são conquistas históricas do movimento feminista. Ela reforça que, apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir a plena representação da diversidade feminina na Administração Pública Federal.

Outro aspecto apontado pelo coletivo é a necessidade de efetivação das políticas de cotas nos concursos públicos federais. Para Lais, a diversidade no serviço público contribui para uma formulação de políticas mais representativas e eficazes. “Sem uma representação fiel da população nos cargos públicos, não conseguimos enxergar toda a complexidade das demandas sociais”, afirma.

A desigualdade também se reflete na distribuição dos cargos. Muitas mulheres ocupam funções na linha de frente dos serviços públicos, como assistentes sociais, enfermeiras e professoras da educação básica, posições de alta relevância, mas historicamente menos valorizadas e com menor remuneração. Ana Julieta defende que o reconhecimento desses cargos é fundamental para garantir equidade no serviço público e promover uma justiça social mais ampla.

O avanço da presença feminina na Administração Pública Federal indica um movimento positivo, mas ainda insuficiente para garantir a equidade plena. O desafio segue na implementação de medidas que promovam maior diversidade nos cargos de liderança e que reduzam as desigualdades estruturais que dificultam a ascensão de grupos historicamente marginalizados.

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