Nos últimos dois anos, esforços intensos do poder público e de entidades civis reduziram significativamente as invasões de garimpeiros na maior reserva indígena do Brasil. No território yanomami, que abriga cerca de 33 mil pessoas distribuídas em 376 comunidades, o garimpo ilegal foi reduzido em 91%, enquanto a abertura de novos espaços para exploração caiu 95,76%.
Esses resultados são fruto de mais de 3 mil operações realizadas somente em 2024, envolvendo forças de segurança e medidas sociais. Além do combate direto às atividades ilegais, o governo federal distribuiu 114 mil cestas de alimentos e destinou R$ 1,7 bilhão em créditos extraordinários. Como resultado, os óbitos por desnutrição diminuíram 68% no primeiro semestre de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023.
As ações de proteção foram intensificadas após o governo federal instalar, em março de 2023, a Casa de Governo para coordenar esforços na região. Operações de fiscalização e combate passaram a ser realizadas 24 horas por dia. “Criamos dificuldade para quem banca sentir no bolso. Fica tão caro que não compensa trabalhar aqui”, explicou Nilton Tubino, chefe da Casa de Governo, em entrevista ao programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil.
As operações desarticularam 410 acampamentos ilegais, destruíram 50 pistas de pouso clandestinas e resultaram na apreensão de mais de 30 quilos de ouro. A instalação de um radar na terra indígena permitiu monitorar voos em baixa altitude, dificultando ainda mais o abastecimento de atividades criminosas.
Mesmo com avanços significativos, desafios permanecem. Segundo a coordenadora do Conselho Indigenista Missionário, Gilmara Fernandes, a logística e os recursos financeiros por trás das atividades ilegais exigem enfrentamento contínuo. O presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami e Ye’kwana, Junior Yanomami, afirmou que a entrada de invasores foi controlada, mas ainda há pontos críticos.
Além do combate ao garimpo, medidas sanitárias também avançaram. A vigilância nutricional foi ampliada para crianças menores de cinco anos, e o acesso a serviços de saúde aumentou. Exames de malária cresceram 73% no primeiro semestre de 2024, permitindo maior diagnóstico e tratamento. As mortes pela doença caíram 35%, enquanto infecções respiratórias fatais reduziram 53%.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou a importância da presença permanente do Estado na região. “Até o final deste governo, queremos entregar um território 100% livre desses invasores”, afirmou.
Com os esforços contínuos, o governo busca reverter as drásticas consequências do garimpo para as comunidades yanomami, protegendo vidas, recursos naturais e a dignidade de um dos maiores povos indígenas do Brasil.