As transformações impulsionadas pela tecnologia, demografia, economia e pela transição verde devem alterar significativamente o panorama do mercado de trabalho até 2030. Segundo o Relatório sobre o Futuro dos Empregos, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, a previsão é de que 170 milhões de novos postos de trabalho sejam criados em todo o mundo, enquanto 92 milhões de ocupações devem desaparecer.
Embora o saldo positivo de 78 milhões de empregos seja promissor, a distribuição dessas oportunidades dependerá da capacidade de cada país em promover qualificação contínua e integrar sua força de trabalho às demandas da economia contemporânea. Na prática, isso significa que o abismo entre as nações pode se aprofundar, favorecendo economias que investirem em capacitação tecnológica e penalizando aquelas com altos níveis de desigualdade socioeconômica, como o Brasil.
Especialistas alertam que o cenário exige atenção para as camadas mais vulneráveis da população, que tendem a ocupar empregos facilmente substituíveis pela automação. “Pensamos em robôs e interação homem-máquina, mas há pessoas sem acesso ao básico, que também disputarão as vagas do futuro”, analisa Thais Requito, consultora em futuro do trabalho.
Entre as estratégias sugeridas, a especialista destaca o papel de subsídios, políticas públicas de inclusão educacional e até mesmo iniciativas como a renda básica universal para garantir dignidade às pessoas que não conseguirão se inserir no mercado de trabalho.
Desafios adicionais e habilidades humanas
Além da automação e da desigualdade, tensões geopolíticas e o envelhecimento populacional são fatores que complicam o cenário global. A ascensão de posturas protecionistas em economias centrais e a demanda crescente por cuidadores refletem as novas dinâmicas do mercado.
No entanto, habilidades humanas, como empatia, pensamento crítico, autorregulação e curiosidade, continuam sendo apontadas como diferenciais indispensáveis, independentemente da atividade ou setor. “Essas competências são ferramentas que permanecem úteis, mesmo em um mercado de trabalho que se transforma rapidamente”, reforça Requito.
O relatório, que se baseia em estudos realizados em 55 economias, incluindo o Brasil, destaca a importância de reconfigurar as carreiras para acompanhar as mudanças aceleradas do mundo contemporâneo. Para acessar as mais de 300 páginas do documento, que oferece um panorama detalhado sobre o futuro dos empregos, basta consultar a publicação online disponibilizada pelo Fórum Econômico Mundial.