Violência de gênero cresce e feminicídios seguem em níveis alarmantes no Brasil

A cada 17 horas, ao menos uma mulher foi vítima de feminicídio em 2024
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A violência contra mulheres no Brasil continua a crescer, evidenciando um problema estrutural persistente. De acordo com o novo boletim Elas Vivem: um caminho de luta, divulgado pela Rede de Observatórios da Segurança, uma mulher foi vítima de feminicídio a cada 17 horas em 2024 nos nove estados monitorados pela pesquisa. O levantamento contabilizou 531 casos de feminicídio ao longo do ano, com a grande maioria das agressões cometidas por pessoas próximas das vítimas.

Os dados mostram que a violência de gênero atingiu um patamar preocupante, com um total de 4.181 mulheres vitimadas ao longo de 2024, um aumento de 12,4% em relação ao ano anterior. O crescimento da violência é registrado em várias regiões do país, com algumas apresentando avanços expressivos nos índices de agressão e feminicídio. No Maranhão, por exemplo, a quantidade de casos praticamente dobrou em um ano, saltando de 195 para 365 ocorrências.

As relações afetivas seguem como um fator de risco para mulheres em situação de violência. O levantamento aponta que 75,3% dos crimes foram cometidos por pessoas próximas às vítimas e, desse percentual, 70% foram perpetrados por parceiros ou ex-parceiros.

Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas lideram o ranking da violência contra mulheres, registrando altos índices de agressões e feminicídios. Em São Paulo, foram contabilizados 1.177 casos de violência em 2024, um crescimento de 12,4% em relação ao período anterior. A capital paulista lidera o ranking estadual, com 149 casos registrados, seguida por São José do Rio Preto e Sorocaba. O Rio de Janeiro também apresenta altos números, com 633 casos e um aumento de 1,9% em relação ao ano anterior. No Amazonas, 84,2% das vítimas de violência sexual tinham entre 0 e 17 anos, revelando uma realidade alarmante de vulnerabilidade infantil no estado.

Enquanto alguns estados registram redução na violência, como Bahia e Pernambuco, os dados gerais seguem em patamares elevados. A Bahia teve uma queda de 30,2% nos registros de agressões, enquanto Pernambuco reduziu os casos em 2,2%. No entanto, Pernambuco ainda figura como o segundo estado com mais feminicídios registrados, com um total de 69 casos.

A falta de transparência na coleta de dados também é um desafio. Em várias regiões, informações essenciais, como motivação do crime e marcadores étnico-raciais, não são devidamente registradas, dificultando a compreensão da dinâmica da violência e a formulação de políticas públicas eficazes. No Maranhão, por exemplo, quase 94% dos casos não tiveram identificação de cor ou raça das vítimas, o que impede uma análise mais aprofundada sobre o impacto da violência em grupos específicos.

Pesquisadores e especialistas alertam para a necessidade de reforço nas políticas de proteção às mulheres. Apesar de avanços, como a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio, a estrutura de apoio ainda enfrenta fragilidades. “Os números seguem aumentando, enquanto as políticas de assistência estão sendo fragilizadas”, alerta a Rede de Observatórios da Segurança.

A violência contra mulheres segue como um dos principais desafios da segurança pública no Brasil. Os dados reforçam a necessidade de um compromisso efetivo do poder público para garantir a proteção das mulheres e combater a impunidade, além de promover mudanças estruturais que combatam a violência de gênero de forma mais eficaz.

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