O Ceará deve voltar a exportar pescados, como camarão, atum e lagosta, para a Europa em breve. As negociações em curso apontam que os produtos da aquicultura cearense devem ter como destino o continente europeu a partir do Reino Unido, antigo integrante da União Europeia (UE).
Aquicultura do Ceará, em entrevista ao Diário do Nordeste, e apontam para retomada de divisas de mercado cearense exportador de pescados.
Oriel relembrou a viagem do governador Elmano de Freitas (PT) no início do ano para a Europa para tratar, dentre outros assuntos, da exportação do pescado cearense. Desde 2018, os países-membros da UE não recebem mais os produtos brasileiros da aquicultura.
Na ocasião, foram encontradas irregularidades em um barco de pescados em Santa Catarina. A embarcação, que pescava camarão do mar (e não dos cativeiros, que concentram a maioria dos crustáceos produzidos no País), levou à UE a colocar um embargo contra as importações da aquicultura brasileira para os países-membros.
“Se o Reino Unido tiver a iniciativa de mandar (uma comitiva em visita ao Ceará para ver a situação do pescado), como ela era da União Europeia, pode ser que facilite ainda mais. Quando se libera pescado, libera tudo que é ligado à pesca. Possa ser que a gente entre primeiro para o Reino Unido, que se for também será uma boa, porque entrando ali, quem está do lado, já vai saber que o produto é de qualidade”, explicou o secretário.
Tem algumas tratativas, não diretamente nós da secretaria, mas já tem algumas ao nível de Brasil para que possa liberar. A gente elabora alguns relatórios juntamente com pesquisadores da UFC, do curso de Engenharia de Pesca, e a gente encaminha para os ministérios para que encaminhe para a Europa para que dessa forma a gente possa buscar a melhor forma de voltar a exportar para a Europa.
Oriel Filho
Secretário de Pesca e Aquicultura do Ceará
Objetivo é entrar com pescado cearense pela Europa via Reino Unido
No segundo semestre de 2024, o Reino Unido avaliava voltar a comprar camarão do Brasil. Ainda durante a entrevista, Oriel Filho explicou os motivos de as negociações em curso apontarem como destino mais concreto o país. A nação deixou a UE em 2020, e desde então tem legislação própria, incluindo decisões próprias sobre importações de pescados.
Justamente por já fazer parte no passado da UE é que o Reino Unido se tornou um candidato em potencial para receber o pescado cearense, pois já se trata de uma adequação às exigências da legislação europeia no que diz respeito aos produtos da aquicultura.
“O que a gente busca da UE é que eles possam agendar uma vinda ao Ceará para ver a forma que a gente produz o camarão. Foi barrada a importação por causa de um barco irregular lá em Santa Catarina. A gente acredita que isso é injusto para o Ceará porque o estado produz com qualidade. Somos disparados o maior produtor de camarão”, declarou Oriel Filho.
Os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que a carcinicultura (como é chamada a criação de camarão) cearense é a principal do País.
De acordo com a pesquisa, o Brasil produziu, em 2023, 127,4 mil toneladas de camarão. O Ceará, por sua vez, foi responsável por 72,6 mil toneladas, o que equivalente a 57% de toda a produção nacional de camarão. Os nove estados da região Nordeste são os maiores carcinicultores do País, correspondendo por mais de 98% de tudo o que é gerado em território nacional.
Veja as 10 cidades do Ceará que mais produzem camarão
Cidade Produção (Quilograma)
Aracati 13.762.453
Jaguaruana 9.987.654
Acaraú 6.494.306
Russas 5.740.000
São João do Jaguaribe 4.800.000
Limoeiro do Norte 4.249.180
Fortim 3.656.897
Alto Santo 3.500.000
Camocim 3.498.281
Morada Nova 2.772.990
Embora ainda bastante concentrada no litoral, a carcinicultura cearense vem pouco a pouco ganhando território no Estado. O Vale do Jaguaribe, dentre as regiões interioranas, é a que mais se destaca na produção do crustáceo.
Conforme o secretário, os números da produção de camarão são positivos, e “a tendência de continuar crescendo”, inclusive para regiões cearenses onde geralmente não são produzidos o crustáceo. Oriel Filho defendeu que todo o Estado deve atuar na carcinicultura.
Conforme dados do Instituto de Pesquisa Estratégica do Ceará (Ipece), o território estadual está dividido em 14 regiões de planejamento. O secretário mirou uma produção difundida em todas essas regiões, com dificuldades maiores no Cariri, mas que devem ser superadas com estudos adequados.
“À medida que o tempo vai passando, as pessoas vão vendo que dá para produzir em municípios diferentes, tendo a percepção de que pessoas de municípios vizinhos tiveram uma melhora de vida pela produção do camarão. Tenho certeza que vai se expandindo. Como o camarão requer calor, no Ceará, acredito que a gente só não vá produzir camarão no futuro na região do Cariri porque esfria muito”, projetou.
“Possa ser que produza ali no começo do Cariri, em Brejo Santo, Milagres. Inclusive já conversei com algumas pessoas de lá que têm o interesse. Vamos mandar nossos técnicos para orientar porque tem toda uma análise que tem que ser feita”, completou o secretário.
Fonte- Diário do Nordeste