Uma gata de rua carregou o filhote pela boca até uma clínica veterinária no Bairro Pirajá, em Juazeiro do Norte, no Cariri cearense, em busca de ajuda para animal. A ação inusitada do felino aconteceu na semana passada e foi registrada pelas câmeras de segurança do estabelecimento.
No vídeo a gatinha apareceu caminhando com o filhote pendurado pela boca na calçada e logo em seguida entrou no estabelecimento.
“Quando eu cheguei, que eu vi, eu fiquei sem acreditar, você se emociona. Porque a gente vê tantos maus-tratos e ali estava um pet querendo salvar seu filhote”, disse a empresária Lidiane Santos.
Conforme a veterinária Jordana Delfino, a gata colocou o filhote no chão, foi até onde ela estava e ficou tentando chamar atenção. Apesar dos esforços da gatinha, foi constatado que a cria já estava sem vida.
“Ela foi até mim, ficou circulando, tentando chamar atenção, como se estivesse pedindo ajuda. Eu fui até lá [onde o filhote estava] e na avaliação percebi que o filhote já estava sem vida. Ele já estava arroxeado e com uma perfuração no pescoço, que pode ter sido causada por outro animal ou um problema congênito”, relatou Jordana Delfino.
A gata, batizada de “Chaninha”, já é conhecida dos funcionários, pois diariamente vai ao estabelecimento em busca de comida.
“A Chaninha sempre recebeu alimentação, cuidado e carinho dos funcionários da clínica, então ela fez essa associação. Quando percebeu que precisava de ajuda, trouxe os filhotes para cá”, disse Jordana.
Após deixar o filhote morto na clínica, a gata saiu e minutos depois retornou, trazendo de um por um, outros três filhotes que estavam vivos. Mãe e filhotes foram acolhidos e passaram por avaliação.
Instinto materno
Para a veterinária, o ato de Chaninha levar o filhote até a clínica foi uma resposta do instinto materno da felina.
“O instinto materno é um comportamento inato, todos os animais já nascem com ele, o que vai garantir o cuidado, a proteção e a sobrevivência dos filhotes. Ele é guiado por fatores hormonais, biológicos e comportamentais, o que vai variar de espécie para espécie e de animal para animal”, disse a veterinária.
Ainda segundo Jordana, esse instinto é influenciado pela liberação da ocitocina, conhecido como “hormônio do amor”, que atua no parto, na amamentação e nas relações sociais.
“Esse hormônio vai se aflorar ainda mais durante a gestação, a amamentação e no pós-parto, trazendo esse vínculo maior entre a mãe e o filhote”, explicou a veterinária.
Jordana ressalta que é necessário ter cuidado ao se aproximar de animal que acabou de ter cria, pois há risco de ataque e risco do animal rejeitar o filhote.
“O ideal é que se aproxime somente se tiver necessidade, porque alguns animais nesse período de pós-parto ficam mais protetores e se ela perceber alguma ameaça aos filhotes pode agir de uma forma mais agressiva. O indicado é que não tenha essa aproximação sem necessidade, pois ao tocar nos filhotes pode mudar o cheiro deles e se ela [gata] perceber que o cheiro foi alterado pode ter rejeição”, afirmou a veterinária.
Fonte- G1