Nova tecnologia promete revolucionar a reciclagem com plástico solúvel em água

Estima-se que cerca de US$ 62 bilhões em recursos valiosos são descartados junto com os resíduos
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O avanço tecnológico impulsiona a produção em massa de dispositivos eletrônicos, mas gera um efeito colateral crescente e preocupante: o lixo eletrônico. Em 2022, o mundo produziu 62 milhões de toneladas desse tipo de resíduo, segundo relatório da ONU, o equivalente a 1,5 milhão de caminhões enfileirados ao redor do equador. A maior parte desse material acaba em aterros ou incineradores, liberando substâncias tóxicas como chumbo e mercúrio, com impactos negativos ao meio ambiente e à saúde humana.

O desperdício não é apenas ambiental. Estima-se que cerca de US$ 62 bilhões em recursos valiosos, como elementos de terras raras usados na fabricação de eletrônicos, são descartados junto com os resíduos. Menos de 1% da demanda global por esses elementos é atendida hoje por meio da reciclagem de lixo eletrônico.

Diante desse cenário, soluções inovadoras surgem como resposta urgente. Uma delas é o Aquafade, um plástico completamente solúvel em água que pode facilitar o desmonte e a reciclagem de dispositivos eletrônicos. Criado por Samuel Wangsaputra e Joon Sang Lee, fundadores da startup britânica Pentaform, o material se dissolve em seis horas quando submerso, permitindo que partes eletrônicas sejam recicladas de forma mais eficiente e até descentralizada, dentro de casa.

A ideia surgiu de forma inusitada, durante uma tarefa doméstica. “Uma noite eu estava lavando a louça e olhando para uma cápsula de lava-louças. Pensei: isso deve ser um tipo de polímero. Então experimentei colocá-la num copo com água e desapareceu completamente”, contou Wangsaputra. A curiosidade levou à colaboração com cientistas de materiais do Imperial College London, que identificaram o PVOH — álcool polivinílico — como o composto ideal. Seguro para alimentos e biodegradável, o material tornou-se a base do Aquafade.

Mais do que uma solução tecnológica, o Aquafade propõe uma mudança no modelo de descarte eletrônico ao eliminar a etapa mais trabalhosa e cara da reciclagem: a desmontagem. A possibilidade de remover as carcaças plásticas em casa pode diminuir drasticamente os custos e as emissões envolvidas no transporte de resíduos, além de ampliar o acesso à reciclagem.

Com o lixo eletrônico crescendo cinco vezes mais rápido que as taxas de reciclagem, inovações como o Aquafade se mostram essenciais para transformar um problema global em oportunidade de preservação ambiental e economia de recursos.

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