A capacidade da Amazônia de armazenar carbono está sendo afetada pelas constantes secas e incêndios florestais. Um estudo conduzido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), publicado na revista científica Forest Ecology and Management, revela que esses fenômenos reduzem significativamente a troca de CO2 entre o solo e a atmosfera.
Os pesquisadores analisaram os efeitos do fogo e da seca na umidade do solo, na produtividade das raízes e no efluxo de CO2 em uma floresta de transição amazônica. Os resultados indicam que o fogo reduziu o efluxo de carbono do solo em 18,7%, enquanto a seca provocou uma redução de 17%. A pesquisa foi realizada entre 2004 e 2010, na Estação de Pesquisa Tanguro, no Mato Grosso, um dos estados que compõem a Amazônia Legal.
De acordo com os cientistas, incêndios naturais são raros na Amazônia, mas ações humanas têm contribuído para a ocorrência de incêndios florestais em períodos de seca. Isso intensifica os impactos negativos na floresta, que enfrenta secas de maneira cíclica, mas não está preparada para eventos extremos cada vez mais frequentes.
Os incêndios e a seca impactam o ecossistema ao comprometer a fotossíntese e aumentar a mortalidade de árvores e raízes. A floresta, sem energia suficiente para se regenerar, precisa recorrer a reservas antigas, tornando-se mais vulnerável a novos eventos climáticos extremos. Dessa forma, a capacidade de armazenagem de carbono é prejudicada.
O coordenador da estação de pesquisa, Leonardo Maracahipes-Santos, destaca que a frequência cada vez menor entre eventos de seca e incêndios impede a recuperação adequada das florestas, levando à degradação progressiva e à redução da capacidade de estocagem de carbono. O estudo ressalta que eventos severos de seca na Amazônia impactam o ciclo global de carbono, agravando as consequências das mudanças climáticas.
Os pesquisadores alertam que, com o avanço do aquecimento global, a frequência de secas na Amazônia tende a aumentar, tornando o fogo um fator ainda mais relevante na dinâmica da floresta. A redução da umidade do solo em períodos de seca afeta a atividade biológica, restringindo ainda mais a liberação de CO2 do solo e comprometendo o equilíbrio ambiental da região.