O primeiro-ministro britânico Keir Starmer se tornou o primeiro líder europeu a dizer que está pronto para colocar tropas de manutenção da paz na Ucrânia, assumindo o compromisso antes de uma reunião de emergência de líderes em Paris para discutir o papel da Europa em um cessar-fogo.
Os comentários de Starmer ressaltaram uma percepção crescente entre os países europeus de que provavelmente terão que desempenhar um papel maior em garantir a segurança da Ucrânia, enquanto Estados Unidos trabalha sozinho com a Rússia em um possível fim para o conflito de três anos.
A Suécia consideraria contribuir para as forças de manutenção da paz do pós-guerra na Ucrânia, comentou o primeiro-ministro Ulf Kristersson nesta segunda-feira (17), acrescentando que as negociações precisariam progredir antes que qualquer decisão desse tipo fosse tomada.
O presidente dos EUA, Donald Trump, surpreendeu a Ucrânia e os aliados europeus na semana passada quando anunciou que havia feito uma ligação com o presidente russo Vladimir Putin, sem consultá-los, para discutir o fim da guerra.
Esse esforço deveria avançar com as negociações desta semana na Arábia Saudita entre autoridades dos EUA e da Rússia.
O enviado de Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, falou no sábado (15) que a Europa não teria um assento à mesa para nenhuma conversa de paz.
Washington enviou um questionário às capitais europeias para perguntar o que elas poderiam contribuir para as garantias de segurança de Kiev.
Na cúpula desta segunda-feira (17) em Paris, o presidente Emmanuel Macron receberia líderes da Alemanha, Itália, Grã-Bretanha, Polônia, Espanha, Holanda e Dinamarca, que representarão os países bálticos e escandinavos, juntamente com a liderança da União Europeia e o secretário-geral da Otan, Mark Rutte.
Um funcionário da presidência francesa disse que a discussão analisaria “as garantias de segurança que podem ser dadas pelos europeus e americanos, juntos ou separadamente”, com as forças de paz sendo apenas um elemento das garantias de segurança.
Starmer, que deve viajar a Washington para se encontrar com Trump na próxima semana, comentou no domingo (16) que a Europa estava enfrentando um “momento único em uma geração” para a segurança coletiva do continente, e deve trabalhar em estreita colaboração com os Estados Unidos.
Ele acrescentou que a Grã-Bretanha estava pronta para desempenhar um papel de liderança na entrega de garantias de segurança para a Ucrânia, incluindo estar pronta para colocar “nossas próprias tropas no solo, se necessário”.
“O fim desta guerra, quando chegar, não pode se tornar apenas uma pausa temporária antes que Putin ataque novamente”, ele escreveu no jornal Daily Telegraph.
A reunião europeia em Paris está ocorrendo depois que dezenas de cúpulas semelhantes mostraram que a União Europeia é incapaz de elaborar um plano coeso para acabar com a guerra na Ucrânia.
A Grã-Bretanha não é um membro do bloco, mas tem sido um dos principais apoiadores da Ucrânia.
A Europa precisa fazer “mais, melhor”
Uma autoridade ucraniana disse à Reuters na semana passada que apenas a Grã-Bretanha e a França haviam sinalizado até agora qualquer disposição de enviar tropas em algum momento. No entanto, isso pode estar mudando.
O primeiro-ministro da Suécia, comentou nesta segunda-feira (17) que havia “absolutamente uma possibilidade” de enviar forças de manutenção da paz.
“É preciso haver um mandato muito claro para essas forças e não acho que podemos ver isso até que tenhamos avançado nessas negociações”, anunciou ele à margem de um exercício militar em Estocolmo.
Uma força de manutenção da paz aumentaria o risco de um confronto direto com a Rússia e esticaria os militares europeus, cujos estoques de armas foram esgotados para abastecer a Ucrânia, e que estão acostumados a depender fortemente do apoio dos EUA para grandes missões.
O funcionário da presidência francesa disse que a Europa precisa “fazer mais, melhor e de forma coerente para nossa segurança coletiva”.
No entanto, alguns países ficaram descontentes com o fato de a reunião de Paris não ter sido uma cúpula completa da União Europeia, comentaram funcionários do bloco.
O funcionário da presidência francesa disse que a reunião facilitaria futuras discussões em Bruxelas e na Otan.
Fonte- CNN