A intenção de consumo das famílias apresentou queda de 0,2% em fevereiro em comparação a janeiro, conforme dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O resultado foi impactado principalmente pela redução no consumo de bens duráveis, como automóveis, eletrodomésticos e eletrônicos. O índice também aponta maior cautela entre as famílias de maior renda, refletindo um cenário de prudência no orçamento doméstico.
O indicador atingiu 104,5 pontos no mês, já considerando os efeitos sazonais. Em relação a fevereiro de 2024, a retração foi ainda mais acentuada, chegando a 1,1%. Este é o quinto mês consecutivo de queda na comparação anual, sendo esta a mais intensa do período. Apesar da redução, o índice permanece acima dos 100 pontos, o que significa que os consumidores ainda demonstram satisfação em relação ao consumo.
As famílias com renda superior a dez salários mínimos, ou seja, acima de R$ 15.180, apresentaram recuo mais expressivo na intenção de consumo, com uma queda de 0,5% no mês. Já entre aquelas com renda inferior a esse patamar, a redução foi menor, de 0,2%. Esses dados reforçam a tendência de maior prudência financeira, especialmente entre os consumidores de maior poder aquisitivo.
A pesquisa da CNC é baseada em 18 mil questionários coletados mensalmente em todas as Unidades Federativas. O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é composto por sete indicadores que analisam tanto as condições atuais, como emprego e renda, quanto expectativas para o futuro e acesso ao crédito.
O levantamento revelou que, apesar de uma melhora em alguns componentes, o momento para compra de bens duráveis registrou a maior retração do mês, com queda de 1,6%. Esse item já havia apresentado resultados positivos de 0,9% no final de 2024 e no início de 2025, mas agora caiu para 70 pontos, permanecendo abaixo da linha dos 100 pontos, o que indica insatisfação entre os consumidores. A CNC avalia que os juros elevados são um dos principais fatores para essa queda na intenção de compra.
Por outro lado, a percepção sobre o emprego trouxe sinais positivos. Após quatro meses de baixa, os consumidores demonstraram maior otimismo em relação ao mercado de trabalho. O item que mede a satisfação com o emprego atual registrou alta de 0,2%, enquanto a perspectiva profissional para os próximos meses cresceu pelo quinto mês seguido, avançando 0,4%.