O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 3,5% em 2024, segundo estimativa divulgada nesta segunda-feira (17) pelo Monitor do PIB, estudo elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com esse desempenho, a economia brasileira manteve a trajetória de expansão pelo quarto ano consecutivo, atingindo um total de R$ 11,655 trilhões, o maior valor da série histórica.
O crescimento da economia foi impulsionado por avanços expressivos em diversos setores. O consumo das famílias apresentou uma alta de 5,2%, enquanto os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), subiram 7,6%. As exportações tiveram um avanço de 3,7%. No entanto, a agropecuária, que foi um dos motores do crescimento em 2023, registrou uma queda de 2,5%.
O último trimestre do ano indicou sinais de desaceleração. Após um crescimento de 1,4% no segundo trimestre e 0,8% no terceiro, o quarto trimestre registrou uma alta mais modesta de 0,4% em relação ao trimestre anterior. Em dezembro, o avanço foi de 0,3% em comparação com novembro.
Apesar do bom desempenho da economia, a produtividade média recuou 0,3% em relação a 2023, atingindo R$ 100.699 por trabalhador. Em comparação com 2013, a queda foi de 3,3%. Por outro lado, a taxa de investimentos cresceu para 17,2% do PIB, superando os 16,4% registrados no ano anterior.
Para 2025, os desafios são grandes. A economista Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB, alerta para fatores internos e externos que podem afetar a economia brasileira. No cenário interno, os juros elevados, com a taxa Selic atualmente em 13,25% ao ano, têm impacto negativo sobre os investimentos e o crescimento. Além disso, o Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou um novo aumento da taxa básica de juros em março, como forma de conter a inflação, que acumula alta de 4,56% em 12 meses até janeiro.
No ambiente externo, a política tarifária dos Estados Unidos, impulsionada pelo governo de Donald Trump, pode trazer dificuldades para as exportações brasileiras. O aço, o alumínio e o etanol do Brasil estão entre os produtos ameaçados por novas taxações.
O Monitor do PIB da FGV é uma das principais prévias do desempenho da economia brasileira. Outro indicador, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), apontou um crescimento de 3,8% em 2024. O dado oficial do PIB será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 7 de março.