O Itamaraty convocou uma reunião com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, na tarde desta segunda-feira (27), em Brasília. A iniciativa teve como objetivo tratar sobre os deportados em um voo fretado pelos Estados Unidos, que chegou ao Brasil na última sexta-feira (24).
A convocação, considerada um gesto diplomático para expressar descontentamento, foi confirmada por fontes do governo brasileiro e pela própria diplomacia norte-americana. Durante o encontro, o Ministério das Relações Exteriores solicitou esclarecimentos sobre as condições às quais os cidadãos brasileiros foram submetidos durante o processo de deportação.
Os deportados relataram que permaneceram algemados durante toda a viagem, foram vítimas de agressões e enfrentaram privação de banheiro e alimentação. Embora Brasil e Estados Unidos mantenham um acordo de deportação, o tratado exige respeito aos direitos humanos, o que, segundo as denúncias, não foi observado.
Após uma escala técnica em Manaus, o governo brasileiro, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, interveio na situação. As autoridades removeram as algemas, ofereceram assistência humanitária e mobilizaram um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar os deportados até Belo Horizonte, destino final do grupo, onde desembarcaram no sábado (25).
Este episódio marca a primeira deportação em massa de brasileiros desde que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, reforçando sua política de tolerância zero contra imigração ilegal. Gabriel Escobar, representante interino da diplomacia americana no Brasil, participou da reunião enquanto a embaixada aguarda um novo titular após a saída de Elizabeth Bagley.
Embora a Embaixada dos Estados Unidos tenha confirmado o encontro, classificando-o como uma “reunião técnica”, não divulgou detalhes sobre o teor da conversa. O caso segue como uma delicada questão diplomática entre os dois países.
