Governo busca aproximação com bancada evangélica em meio a desafios no Congresso

A bancada evangélica manteve proximidade com o Executivo, independentemente da orientação política do governo
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Com a retomada das atividades no Legislativo, o governo federal enfrenta o desafio de estreitar relações com a bancada evangélica, um grupo que, historicamente, manteve proximidade com o Executivo, independentemente da orientação política do governo. A análise de especialistas aponta que, apesar da postura conservadora em pautas de costumes, esse grupo tem tradição de alinhamento com o governo em questões econômicas, especialmente quando há interesse na manutenção de isenções tributárias para igrejas.

O pesquisador André Ítalo, autor do livro A Bancada da Bíblia: uma história de conversões políticas, explica que o governo de Jair Bolsonaro representou um ponto de virada nesse histórico de governismo. Pela primeira vez, um presidente de direita estabeleceu uma relação de afinidade ideológica com os parlamentares evangélicos. Com a volta de Lula ao poder, essa dinâmica mudou e o grupo se tornou um dos principais blocos de oposição ao governo federal.

Atualmente, a bancada evangélica na Câmara dos Deputados conta com cerca de 90 a 100 representantes entre os 513 parlamentares. No Senado, esse número varia entre 10 e 15 senadores. Apesar de seu crescimento ao longo das últimas décadas, essa expansão tem sido mais lenta recentemente, acompanhando o ritmo do aumento da população evangélica no Brasil. Hoje, a representatividade evangélica na Câmara é menor do que sua proporção na sociedade.

O professor Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB), observa que a bancada evangélica não é homogênea e abriga diferentes segmentos religiosos com estratégias distintas. Ele destaca o Partido Republicanos, ligado à Igreja Universal, como um dos mais estruturados dentro desse grupo, adotando uma abordagem pragmática ao incluir políticos não evangélicos, como o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. Entretanto, essa expansão trouxe desafios, pois muitos representantes gostariam de adotar uma postura política mais ao centro, mas enfrentam resistência de uma base que se tornou mais conservadora e alinhada à direita.

A formação da bancada evangélica remonta ao final da década de 1980, durante o processo constituinte. O temor de uma influência excessiva do catolicismo na política levou lideranças evangélicas a se organizarem para eleger representantes no Congresso. Desde então, a bancada tem desempenhado um papel ativo no Legislativo, ampliando sua presença e influência ao longo dos anos.

Hoje, além dos parlamentares declaradamente evangélicos, existe a Frente Parlamentar Evangélica, que reúne 219 deputados e 26 senadores de diferentes partidos, incluindo legendas de centro e de esquerda. Como o número de deputados evangélicos não é suficiente para formar a frente sozinho, o grupo conta com o apoio de parlamentares não evangélicos para atingir o mínimo de 171 assinaturas exigido para sua criação. A frente possui uma estrutura organizada, com reuniões estratégicas para monitoramento de pautas de interesse e articulação política.

O atual coordenador da frente é o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), mas sua assessoria não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a atuação do grupo. O governo segue avaliando estratégias para lidar com esse bloco parlamentar, que, apesar das divergências ideológicas, mantém influência significativa na condução de debates no Congresso Nacional.

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