O Conselho Federal de Medicina (CFM) solicitou à Anvisa a proibição do uso de polimetilmetacrilato (PMMA) como substância de preenchimento estético no Brasil. O pedido, entregue nesta terça-feira (21), inclui a suspensão imediata da produção e comercialização de produtos à base desse material no país.
A recomendação é fundamentada em relatos crescentes de complicações graves associadas ao uso do PMMA em procedimentos estéticos. Segundo o CFM, o material pode causar infecções, reações inflamatórias, necroses e até óbitos, além de ser de difícil remoção e deixar sequelas graves nos pacientes. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e a Sociedade Brasileira de Dermatologia, que já haviam emitido alertas semelhantes, reforçam a necessidade de que o produto só seja utilizado por médicos em situações muito específicas.
Embora aprovado pela Anvisa para uso corretivo, como na recuperação de volume facial em pacientes com HIV/aids ou sequelas de doenças como a poliomielite, o PMMA não é indicado para fins exclusivamente estéticos. A agência destaca que, mesmo nos casos permitidos, o material deve ser aplicado por profissionais habilitados.
O uso indiscriminado do PMMA em procedimentos estéticos é alvo de críticas intensas, especialmente diante de casos emblemáticos que ganharam repercussão no Brasil. Em 2020, uma influenciadora digital perdeu parte do rosto após preenchimento com o material, e, no ano passado, outra morreu ao tentar aumentar os glúteos com a substância.
A preocupação com a segurança de pacientes também se estende à proliferação de cursos de estética voltados para não médicos. Segundo levantamento do CFM, 98% dos 3.532 cursos cadastrados no Brasil não exigem formação médica, mesmo ensinando técnicas invasivas de alto risco. A entidade alerta para um quadro de descontrole, citando violações à Lei do Ato Médico e defendendo medidas urgentes para evitar a prática ilegal da medicina.
Com a solicitação, o CFM reforça a necessidade de regulamentação rigorosa e medidas de proteção para pacientes submetidos a procedimentos de risco no campo da estética. A decisão da Anvisa sobre o caso ainda é aguardada.