Infecção por vírus sincicial respiratório representa risco elevado para idosos

A maioria dos idosos que não resistiram à doença possuía comorbidades
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Embora seja mais comum em crianças pequenas, a infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR) pode ter consequências graves em idosos, com alto índice de mortalidade. Entre 2013 e 2023, a taxa de letalidade nesse grupo chegou a quase 26%, segundo pesquisa conduzida por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade Federal de Santa Catarina, da farmacêutica GSK e da empresa de informação em saúde IQVIA.

A maioria dos idosos que não resistiram à doença possuía comorbidades. Dados do estudo indicam que 71,5% dos pacientes que morreram tinham ao menos uma condição prévia, sendo as mais frequentes as doenças cardiovasculares, seguidas por diabetes e doenças pulmonares. Entre todos os idosos internados por VSR, independentemente do desfecho, 64,2% apresentavam algum problema cardíaco, 32% eram diabéticos e 26,5% tinham enfermidades pulmonares.

A infectologista Lessandra Michelini, da GSK, explica que o VSR provoca um intenso processo inflamatório, afetando diretamente pacientes cardiopatas. “Um estudo realizado na Inglaterra apontou que pessoas saudáveis infectadas pelo vírus desenvolveram miocardite. Pacientes com insuficiência cardíaca têm seu quadro agravado, pois o esforço necessário para bombear o sangue se torna ainda maior. Já aqueles com doença arterial coronariana correm um risco três vezes maior de sofrer um infarto após a infecção”, detalha a especialista.

Mesmo com registros relativamente baixos de internações por VSR em idosos no período analisado – 3.348 casos notificados no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe –, os números podem estar subestimados. Isso se deve, em parte, ao fato de a testagem para o vírus ter se tornado mais recorrente apenas a partir de 2017. Além disso, segundo Lessandra, os sintomas em adultos frequentemente passam despercebidos. “O exame de detecção do vírus tem mais facilidade para identificar a infecção em crianças, pois elas apresentam maior carga viral na orofaringe. Em adultos, a carga viral é menor e diminui rapidamente, dificultando o diagnóstico”, explica.

A taxa de hospitalização por VSR entre idosos aumentou significativamente na última década, passando de 0,3 para 2,1, um crescimento de sete vezes. Além disso, 32,6% dos pacientes precisaram ser internados em unidades de terapia intensiva (UTI), e quase 70% necessitaram de suporte respiratório.

Apesar dos riscos elevados, a vacinação contra o VSR para idosos ainda não é amplamente acessível no Brasil. Atualmente, as vacinas Arexvy (GSK) e Abrysvo (Pfizer) estão disponíveis apenas na rede privada. O Ministério da Saúde anunciou a incorporação da Abrysvo ao Sistema Único de Saúde (SUS) no segundo semestre deste ano, mas, por ora, apenas para gestantes, com o objetivo de proteger recém-nascidos. O governo estuda a possibilidade de incluir idosos em grupos prioritários, mas ainda não há previsão para essa ampliação.

Estudos recentes apontam alta eficácia da imunização. A pesquisa conduzida pela GSK sobre a Arexvy revelou que, no primeiro ano após a aplicação, a vacina garantiu 82,6% de proteção contra infecções e 94% contra casos graves. Após 31 meses, a proteção acumulada permaneceu em 62,9%, indicando um impacto positivo na prevenção de complicações severas causadas pelo VSR.

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