O avanço superou o registrado no quinquênio anterior, de 16,4%
O Brasil apresentou um aumento expressivo no número de médicos e enfermeiros entre 2019 e 2023, período marcado pela pandemia de covid-19. Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, o país passou a contar com 502,6 mil médicos, um crescimento de 23,6% em relação a 2019. O avanço superou o registrado no quinquênio anterior, de 16,4%. Apesar disso, o incremento se deu de forma desigual, com maior concentração na rede privada.
O número de médicos que atuam fora do Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu 29,7% no período, enquanto na saúde pública o aumento foi de 21,2%. Clician do Couto Oliveira, analista do IBGE, observa que muitos médicos demonstram preferência pelo mercado de trabalho não vinculado ao SUS.
Os enfermeiros registraram o maior crescimento proporcional no período: um salto de 39,2%, passando de 260,9 mil profissionais em 2019 para 363,1 mil em 2023. A expansão também foi acompanhada por melhorias na infraestrutura de saúde, como o aumento de leitos complementares e tomógrafos, especialmente durante a pandemia.
O total de leitos complementares no Brasil cresceu mais de 30%, indo de 59,1 mil em janeiro de 2020 para 76,9 mil em 2022, número que se manteve estável desde então. O número de tomógrafos seguiu tendência semelhante, subindo de 2,3 para 3 por 100 mil habitantes. Apesar disso, a distribuição dos recursos ainda evidencia desigualdades regionais. O Distrito Federal, que já apresentava o maior índice de tomógrafos por habitante, aumentou ainda mais sua vantagem, atingindo 7,2 equipamentos por 100 mil habitantes.
Os dados também revelaram um aumento no número de óbitos no país. Em 2023, foram registrados 1,46 milhão de mortes, 8,4% a mais do que em 2019. O câncer foi responsável por 17% desses óbitos, com um aumento de 7,7% no período. A covid-19, embora em menor escala do que nos anos anteriores, causou mais de 10 mil mortes em 2023, reforçando o impacto das doenças virais nos indicadores.
As disparidades na saúde se refletem nos óbitos por raça e gênero. Entre jovens de até 44 anos, 44,2 mil pretos ou pardos morreram em 2023, um número 2,7 vezes maior do que o registrado entre brancos. Segundo o IBGE, essas mortes estão relacionadas, em grande parte, a causas violentas, como homicídios.
Entre homens e mulheres de 30 a 69 anos, doenças do coração figuraram como a principal causa de óbito, sendo mais prevalentes entre pessoas pretas ou pardas. Entre os homens, foram 40,6 mil mortes por problemas cardíacos nessa faixa etária, bem acima dos 29,9 mil óbitos por câncer.
Embora os números mostrem avanços em termos absolutos, o retrato da saúde no Brasil ainda evidencia desigualdades profundas, tanto no acesso a recursos quanto nas condições de vida das diferentes populações.