Alunos de uma escola pública em Baturité, no interior do Ceará, criaram armas de papel e papelão, com símbolos e referências a facções criminosas, durante uma atividade, na quarta-feira (2). As crianças têm entre oito e dez anos e são de uma turma de 4º ano do ensino fundamental.
O caso aconteceu em uma escola de ensino fundamental próximo ao Centro do município. Um professor passou para a turma, com cerca de 25 alunos, uma atividade em que eles deveriam usar a criatividade. No fim, alguns alunos acabaram criando as armas de papel e papelão.
“O professor tinha pedido para ser feito um trabalho lúdico, de criatividade, e a devolutiva das crianças foi esse material”, disse o promotor de Justiça do Ministério Público, Antônio Forte de Souza Júnior. Ele conta ainda que algumas das peças feitas pelas crianças traziam referências a facções criminosas.
Segundo o promotor, o responsável por um dos alunos da escola foi buscar a criança e descobriu a situação. Ele fez um vídeo mostrando o material e decidiu acionar o promotor.
O promotor informou que a região onde a escola está localizada possui um histórico violento e com problemas de segurança pública causados por conflitos entre as duas facções.
“A escola é em uma comunidade muito violenta, tem briga de organizações criminosas, e essa é a realidade vivenciada por essas crianças”, reforçou o promotor.
O Ministério Público do Ceará, por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Baturité, informou que tomou ciência do ocorrido e realizou inspeção na escola, na manhã desta quinta-feira (3). Durante a visita, foram ouvidos professores e integrantes da diretoria da instituição de ensino sobre o fato. O órgão disse que segue apurando o caso e, se necessário, adotará as providências cabíveis. Não foi instaurado inquérito sobre o caso.
Secretaria nega que material foi feito em atividade escolar
O g1 conversou com a secretária de Educação do município, Lindomar Soares. Ela não negou que as crianças tenham produzido o material, mas disse que não foi durante atividade escolar, sem informar em qual contexto as armas de papel foram feitas.
“Não foi nenhuma atividade escolar, nem foi nenhuma atividade coletiva da escola, não houve qualquer orientação pedagógica, nem qualquer atividade que desenvolvesse esse tipo de ação”, afirmou a secretária.
Ela considerou o caso como “isolado”, e disse que foram “dois ou três alunos” que fizeram os materiais. A secretaria disse que as aulas na escola seguem normalmente e que, uma equipe multidisciplinar, com psicóloga, psicopedagoga e assistente social, vai à escola para discutir o caso.
“Nós temos assistente social, nós temos equipe de psicólogos, nós temos acompanhamento pedagógico das escolas, nós fazemos palestras, nós trabalhamos nas questões da orientação, nas questões do bullying, dos preconceitos, da igualdade racial. Então, nós temos todo o nosso trabalho voltado para essa política de inclusão, de equidade e de respeito”, reforçou a secretária de Educação.
Fonte- G1