Os riscos que estão por trás de escanear a íris por dinheiro

A proposta de usar dados biométricos, como o escaneamento da íris, levanta questionamentos sobre privacidade e segurança
Compartilhe

Uma pequena portinha na região da Avenida Paulista, em São Paulo, tornou-se o destino de dezenas de pessoas interessadas em trocar o escaneamento de suas íris por criptomoedas. A ação é promovida pela Worldcoin, projeto que promete recompensar financeiramente os participantes em troca de seus dados biométricos.

O motoboy Bruno Barbosa Souza, 25, soube da iniciativa por meio de um colega e decidiu participar em busca do pagamento, mesmo sem entender completamente o objetivo. “Disseram que pagam em torno de R$ 400 para escanear a retina. Não sei para que fazem isso, mas estou precisando do dinheiro”, contou. Segundo Souza, o processo é simples: basta baixar o aplicativo, inserir os dados pessoais e agendar o atendimento.

A promessa de pagamento em bitcoin também atraiu o atendente Wallace Weslley, 31, que esteve no local pela segunda vez, agora acompanhando a esposa. “Eles dizem que é uma questão de segurança dos nossos dados. Já fiz o processo há 15 dias e recebi cerca de R$ 200. É rápido, em 24 horas o dinheiro está disponível”, relatou. Apesar da recompensa, ele admite preocupação. “Tenho receio, porque li que eles podem coletar informações que nem imaginamos. Mas, com todo mundo apertado de dinheiro, as pessoas acabam aceitando.”

Na fila, havia também o casal de idosos Jurema Peres Panzetti, 72, e José Virgílio, 73. Eles destacaram que um vídeo explicativo é apresentado antes do escaneamento, detalhando que os dados são criptografados e, supostamente, não armazenados. “Eles dizem que é para garantir que você é um ser humano. É uma questão de boa-fé. Temos que acreditar neles”, afirmou Virgílio.

Nem todos, no entanto, demonstram confiança no projeto. Uma participante que realizou o processo em dezembro afirmou que, na ocasião, não houve explicações nem vídeos informativos. Ela só foi buscar mais informações sobre a iniciativa depois de participar, motivada exclusivamente pelo pagamento.

Embora os valores pagos variem, muitos participantes relataram a necessidade de dinheiro como fator decisivo. Sem o incentivo financeiro, grande parte das pessoas afirmou que não participaria da ação.

A proposta de usar dados biométricos, como o escaneamento da íris, levanta questionamentos sobre privacidade e segurança, mas, para os que aguardam na fila, a recompensa imediata parece ser mais importante do que as dúvidas sobre o futuro uso dessas informações.

Você pode gostar

Prognóstico divulgado nesta quarta-feira (22) também aponta probabilidades de cenários abaixo e acima da média na quadra chuvosa
Agentes usaram uma micro retífica para abrir a panela de maneira segura.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você também pode se interessar
Publicidade