Inflação acelera em dezembro e impacta mais as famílias de baixa renda

Os principais responsáveis foram os aumentos nos preços de alimentos e bebidas, além do impacto do setor de transportes
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A inflação de dezembro avançou para quase todas as faixas de renda, com exceção das famílias de alta renda, cuja taxa caiu de 0,64% em novembro para 0,55%. Por outro lado, as famílias de renda muito baixa enfrentaram uma aceleração significativa, com o índice passando de 0,26% para 0,48% no mesmo período. Os principais responsáveis foram os aumentos nos preços de alimentos e bebidas, além do impacto do setor de transportes.

Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quinta-feira, 16, mostram que, no acumulado de 2024, a inflação para as famílias de baixa renda chegou a 5%, enquanto o índice das famílias de alta renda ficou em 4,4%. Comparando com 2023, as quatro faixas de renda mais baixas apresentaram aceleração inflacionária, enquanto as classes de renda média alta e alta registraram desaceleração.

No último mês de 2024, os preços de alimentos no domicílio pesaram mais no orçamento das famílias de renda mais baixa, devido à alta de itens essenciais como carnes (5,3%), aves e ovos (2,2%), óleo de soja (5,1%) e café (5%). Apesar de quedas em cereais (-0,98%), tubérculos (-7,2%) e leite e derivados (-0,63%), o peso dos alimentos no orçamento dessas famílias foi suficiente para manter a pressão inflacionária.

O grupo transportes também contribuiu para o aumento geral da inflação. Para as classes de renda mais baixa, a alta nos combustíveis (0,7%) e nas tarifas de trem e ônibus interestadual (3,8%) teve maior impacto. Já as famílias de renda alta sentiram os efeitos dos aumentos nos preços do transporte por aplicativo (20,7%) e das passagens aéreas (4,5%).

Por outro lado, o grupo habitação trouxe algum alívio em dezembro, com destaque para a queda de 3,2% nas tarifas de energia elétrica, beneficiando todas as classes de renda.

No acumulado dos últimos 12 meses, os grupos alimentos e bebidas, saúde e cuidados pessoais, e transportes lideraram as pressões inflacionárias. Entre os alimentos, itens como arroz (8,2%), carnes (20,8%), óleo de soja (29,2%) e café (36,9%) registraram os maiores aumentos. No setor de saúde, os reajustes em produtos farmacêuticos (6%), serviços de saúde (7,6%) e planos de saúde (7,9%) foram os principais responsáveis. Já em transportes, as tarifas de metrô (10,8%), aplicativos (10%) e os preços de gasolina (9,7%) e etanol (17,6%) foram os maiores destaques.

A inflação diferenciada entre as faixas de renda evidencia o impacto desigual do aumento de preços, com as famílias de menor poder aquisitivo enfrentando maiores desafios em itens essenciais que comprometem parcela significativa de seus orçamentos.

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