Renan Calheiros quer mudar a Lei do Impeachment para ver se alcança Bolsonaro. A lei 1079 é septuagenária, anterior à Constituição, e já sofreu alteração. Foi sob seus ditames que Collor e Dilma foram processados, e passaram incólumes os demais presidentes que assumiram a República desde a redemocratização.

o senador por Alagoas jamais viu problema com os demais pedidos de impeachment que se fizeram contra todos os presidentes. Mas, com Bolsonaro, tudo é diferente. O que era sim vira não, e vice-versa. Além do mais, agora se trata de um relatório dele e não quer ver relegado a irrelevância com a indiferença de Artur Lira, que ele já antevê.

Renan jamais teve apreço pela lei. Não digo isso apenas pelo leque de processos que ele responde, quase todos por corrupção. Em duas ações marcantes, ele simplesmente deu as costas para decisão judicial ou afrontou a Constituição. Nas duas vezes, era presidente do Senado.

Por se tornar réu no STF, o ministro Marco Aurélio determinou seu afastamento do cargo. Segundo ministro, numa visão equivocada, um réu não poderia estar na linha de sucessão. Renan, levando o Senado a reboque, descumpriu a ordem judicial, se escondeu dos oficiais de Justiça, e permaneceu no cargo, pois o pleno da corte derrubou a liminar.

Em conluio com Lewandowski, então presidente do STF, fez uma cesariana na Constituição, parindo uma excrecência. Segundo a lei, o impeachment traz como consequência, além da perda do cargo, a inelegibilidade por oito anos. Impicharam a mulher mas a deixaram livre para se candidatar. O povo, em sua sabedoria, fizeram cumprir a lei. Negaram-lhe os votos.

A CPI da Covid sofre de abstinência de holofotes, desde que perdeu as manchetes pela irrelevância de seus atos. Daí a busca desesperada por factoides que possam trazê-la de volta às manchetes, hoje relegada a notas de rodapé.