Ainda não se tem argumentos para justificar a derrocada do Guarany de Sobral diante do Atlético Cearense, no domingo (20), no PV. Há quem diga que foi excesso de confiança, pouca sorte, falta de compromisso, ou mesmo falta de futebol. Os que acreditam no acaso dizem: “foi muita zebra”, ou seja, zebra demais para poucos zoológicos.

O Atlético, que em Sobral fez a papel da vovozinha, no PV atuou como lobo mau e engoliu o cacique, que pecou na tentativa de menosprezar o adversário. O Guarany se esqueceu de que o jogo só acaba depois dos 90 minutos, e que uma partida com arte, garra e amor à camisa.

A decepção do time, o murmúrio da torcida, a vergonha de toda a cidade, tudo isso contém na mística do futebol. O Guarany entrou em campo com sapatos de cristal e pegou o adversário descalço, correndo, lutando e dando o sangue para recuperar o que havia perdido em Sobral. O sonho que era do Guarany passou a ser do Atlético, que agora vai disputar a final da Fares Lopes com o Caucaia.

Não precisamos avaliar a partida em si, mas a atuação dos jogadores do Guarany contra seu próprio time. A parte mais difícil o time sobralense conseguiu: perder um jogo quando tinha tudo para sair por cima, pois eram dois gols de diferença. O Atlético acreditou no impossível, justificando sua fé e venceu.

E agora não adiante ficar chorando pela quebra dos ovos; o jeito é por de novo, e desta vez, oxalá, seja de forma mais responsável e compromissada, pois o que entra em campo não só jogadores, mas também pais de família, que têm como arte o futebol e como melhor salário o respeito de sua torcida.

O que resta agora é escolher os melhores do plantel e segurar a base de uma equipe que possa chegar competitiva no Campeonato Cearense de 2020. Seria um contra senso desmanchar o time e formar outro somente às vésperas do campeonato. Seria o mesmo que trocar uma árvore por uma semente. O Guarany perdeu mais uma oportunidade, contudo, permanece na fé.  

Silveira Rocha