A projeção foi divulgada em Brasília durante uma reunião entre representantes da Sala Nacional de Arboviroses

O Brasil pode enfrentar uma nova epidemia de dengue em 2024, com até 4,2 milhões de casos da doença, segundo estimativas do Ministério da Saúde. A projeção foi divulgada nesta terça-feira (30), em Brasília, durante uma reunião entre representantes da Sala Nacional de Arboviroses, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

De acordo com os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021, o país deve registrar 1.960.460 casos de dengue em 2024, mas esse número pode variar de 1.462.310 até 4.225.885 de casos, dependendo de fatores como o clima, o saneamento e o controle do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.

Nas quatro primeiras semanas do ano, o país já contabiliza um acumulado de 217.841 casos prováveis da doença, com uma incidência de 107,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Há ainda 15 mortes confirmadas e 149 em investigação, o que representa uma taxa de letalidade de 0,9%.

O balanço anterior, que englobava as três primeiras semanas de 2024, mostrava 12 mortes e 120.874 casos prováveis da doença, com 85 óbitos em investigação.

Para tentar conter o avanço da dengue, o Ministério da Saúde pretende iniciar a distribuição da vacina contra a doença para os 521 municípios brasileiros selecionados na segunda semana de fevereiro. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse que as doses ainda não começaram a ser entregues porque o laboratório Takeda, responsável pela produção do imunizante, precisa cumprir uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de que a bula esteja em português.

“A relação de prioridades da vacina já foi feita. A ideia é distribuir dentro daquele mapa já apresentado. Ainda não iniciamos essa distribuição porque há uma exigência e ela tem que ser cumprida pelo laboratório produtor. É uma exigência regulatória da Anvisa que a bula esteja em português. Estamos finalizando esse processo”, explicou. “A partir do momento em que seja solucionada essa questão, essa é a nossa previsão. Não haverá por que ter mais delongas”, esclareceu.

Serão vacinadas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra um dos maiores números de hospitalizações por dengue. Dados do Ministério da Saúde mostram que – de janeiro de 2019 a novembro de 2023 – o grupo respondeu por 16,4 mil hospitalizações, atrás apenas dos idosos, grupo para o qual a vacina não foi autorizada. O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas.

A definição de um público-alvo e de regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório fabricante da vacina. A primeira remessa, com cerca de 757 mil doses, chegou ao Brasil no último dia 20. O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro.