Justiça torna réus diretores de empresa de ônibus ligada ao PCC e bloqueia R$ 596 mi
O bloqueio dos bens dos acusados servirá para garantir o ressarcimento de prejuízos causados pela organização.
O juiz Guilherme Eduardo martins Kellner, da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da capital, acolheu a denúncia contra os dez acusados de formar uma organização criminosa para lavar dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) na empresa de ônibus Transwolff e determinou a abertura de ação penal contra o grupo. O magistrado também manteve o bloqueio de bens dos acusados até o limite de R$ 596 milhões.
A decisão tomada mantém ainda a interdição na empresa de ônibus, com o afastamento de sua diretoria – a Prefeitura nomeou um interventor para garantir o funcionamento da Transwolff, que atende a cerca de 15 milhões de passageiros por mês na capital. Por decisão do juiz, o presidente afastado da empresa, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, permanece preso, bem como Róbson Flares Lopes Pontes, seu aliado na empresa. Um terceiro acusado que teve a prisão mantida pelo magistrado: o contador Joelson Santos da Silva.
Os três tiveram suas prisões preventivas decretadas e foram alvo de busca e apreensão durante a Operação Fim da Linha, planejada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, e da Receita Federal, em 9 de abril. Além das acusações de organização criminosa e de lavagem de dinheiro, os réus são acusados de apropriação indébita e de extorsões praticadas contra perueiros da antiga cooperativa Cooper Pam que aderiram à empresa Transwolff.
De acordo com a denúncia do Gaeco, o bloqueio dos bens dos acusados servirá para garantir o ressarcimento de prejuízos causados pela organização – valor equivalente ao faturamento da Transwolff em 2021. O sequestro atingiu bens de 28 empresas e 16 pessoas, além de 43 imóveis, uma aeronave, três lanchas e duas moto-náuticas, tudo em nome dos investigados.
De acordo com as investigações, a Transwolff só conseguiu participar da licitação feita pela Prefeitura em 2015 em razão do aporte de R$ 54 milhões feito pela MJS participações Ltda, sob a forma de integralização do capital, dinheiro proveniente do tráfico de drogas. Ao colocar o dinheiro na empresa, o PCC, segundo os promotores, além de consolidar sua posição no setor, ainda lavava os recursos do crime.