Número de jovens “nem-nem” aumenta para 5,4 milhões no Brasil
O levantamento foi realizado pela Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho
O número de jovens brasileiros entre 14 e 24 anos que não estudam, não trabalham e não buscam emprego tem crescido significativamente. No primeiro trimestre deste ano, o contingente de jovens “nem-nem” alcançou 5,4 milhões, em comparação aos 4 milhões registrados no mesmo período do ano anterior.
O levantamento foi realizado pela Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego. Durante o evento “Empregabilidade Jovem”, promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) em São Paulo, a subsecretária Paula Montagner explicou que esse aumento afeta principalmente as mulheres, que representam 60% desse público.
Desafios para as Mulheres Jovens
As dificuldades enfrentadas pelas mulheres jovens no mercado de trabalho contribuem para esse cenário. Além das barreiras de entrada, como a falta de qualificação, existe um apelo cultural para que as jovens se dediquem a outras formas de contribuir para a sociedade, como ter filhos mais cedo. O conservadorismo também influencia, com alguns jovens acreditando que apenas o trabalho do marido seria suficiente.
A subsecretária ressaltou que essa realidade faz com que as mulheres ingressem no mercado de trabalho mais tarde e, muitas vezes, com menos preparo, o que dificulta a obtenção de empregos bem remunerados.
Programa Pé-de-Meia
Para combater o abandono precoce do ensino médio, o governo federal lançou o programa Pé-de-Meia. Esse programa oferece incentivos financeiros para jovens de baixa renda permanecerem matriculados e concluírem essa etapa da educação. Os beneficiários podem receber até R$ 9,2 mil durante os três anos do ensino médio, incluindo um adicional de R$ 200 pela participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
No entanto, Paula Montagner alertou que os efeitos desse programa só serão percebidos nos próximos anos.
Informalidade e Desocupação
Dos 34 milhões de jovens brasileiros entre 14 e 24 anos, 14 milhões estavam ocupados no primeiro trimestre de 2024. Dentre esses, 45% trabalhavam na informalidade, o que representa 6,3 milhões de indivíduos. Essa taxa é superior à média nacional, que atualmente é de 40%.
A informalidade está relacionada ao fato de muitos jovens trabalharem em micro e pequenas empresas. Eles frequentemente não têm contratos formais e atuam como assalariados sem carteira assinada. A subsecretária explicou que os empregadores, por vezes, hesitam em formalizar esses jovens, esperando um período maior para avaliar seu desempenho.
Aprendizes e Estagiários
O levantamento também revelou um crescimento no número de aprendizes e estagiários no país. Entre 2022 e 2024, houve um acréscimo de 100 mil jovens na condição de aprendizado, totalizando 602 mil em abril deste ano. Quanto aos estágios, o aumento foi de 37%, passando de 642 mil em 2023 para 877 mil em 2024.
Rodrigo Dib, da superintendência institucional do CIEE, enfatizou que a empregabilidade jovem é um desafio urgente para o Brasil. Ele considera grave o fato de mais de cinco milhões de jovens estarem na categoria “nem-nem”, sem oportunidades e desesperançosos quanto ao início de suas carreiras profissionais.
Para melhorar a inserção produtiva dos jovens no mercado de trabalho, Paula Montagner destacou a importância de elevar a escolaridade e fortalecer programas de estágio e aprendizado técnico e profissionalizante. Assim, os jovens poderão desenvolver carreiras e encontrar áreas de interesse.2de10