Dependência de insumos importados prejudica setor de saúde no Brasil

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Apenas 50% dos equipamentos médicos são produzidos nacionalmente

Dados do Ministério da Saúde indicam que mais de 90% dos insumos farmacêuticos ativos (IFAs) utilizados na produção de medicamentos no Brasil são importados. Além disso, apenas 50% dos equipamentos médicos são produzidos nacionalmente, resultando em um déficit de R$ 20 bilhões na balança comercial do setor.

“Não podemos ter a realidade que temos hoje: um déficit na balança comercial de R$ 20 bilhões que significa o segundo déficit da balança comercial”, avaliou a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos. Durante a pandemia de covid-19, essa dependência se mostrou ainda mais crítica, com o país enfrentando dificuldades para obter respiradores e até máscaras, expondo a vulnerabilidade do sistema de saúde brasileiro.

A ministra criticou o negacionismo durante a crise sanitária, afirmando que a falta de investimento combinada com a histórica dependência de insumos importados agravou a situação. Em resposta a esse cenário, o país retomou investimentos no complexo industrial da saúde, visando a produção e distribuição de equipamentos, medicamentos, produtos biológicos e diagnósticos, além de pesquisa clínica.

“Produzimos a vacina contra a covid no Butantan, junto com a Coronavac, e a Astrazeneca junto com a Fiocruz, mas não tínhamos IFAs. Dependíamos de insumos farmacêuticos ativos”, destacou Luciana Santos. Ela afirmou que, com investimentos, o Brasil tem a capacidade de superar essa dependência. “Já investimos R$ 2 bilhões, neste período, para o complexo industrial da saúde, seja na área de fármacos, seja na área de soluções e equipamentos.”

A ministra mencionou a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) como um exemplo de iniciativa para reduzir a dependência de insumos importados. Até o próximo ano, a Hemobrás deverá produzir o Fator VIII recombinante (Hemo-8R), essencial para pacientes hemofílicos, reduzindo o déficit da balança comercial em 1,2%.

“Podemos produzir novos entes moleculares, é possível fazer isso. Temos um sistema robusto também na área de equipamentos. A gente vai longe porque está tendo investimentos”, concluiu a ministra, ressaltando que o fortalecimento do complexo industrial da saúde não apenas resolverá problemas econômicos, mas também criará uma cadeia produtiva rica e extraordinária no país.

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